Colonia Libertaria (Costa da Caparica)
Atlas poético documental sobre un grupo de cabañas situado en Costa da Caparica, una zona de playas al sur de Lisboa. Estas edificaciones se denominan “palheiros” en portugués y en su origen fueron empleadas como almacenes para barcas, redes y utillaje pesquero. A partir de mediados del siglo XX, comienza su uso vacacional. Actualmente, bastantes cabañas están amenazadas de ruina, ocupadas en ocasiones por gente bohemia y familias de escasos recursos. En este trabajo imagino la vida en ellos de una colonia libertaria, la cual disfruta de una existencia no marcada por el sistema económico actual.
Em muitas culturas e sociedades as pessoas portadoras de deformidades físicas sofrem uma enorme discriminação. Aqui na Colónia não é assim; um guru asiático consegue eliminar-lhes os complexos, convertendo-as em seres felizes, aptas para usufruir da própria sexualidade sem entraves. Nesta cabana vivem-se alegres e divertidos serões.
Ao entrarem na Colónia, alguns dos novos membros trazem consigo objetos de valor: quadros antigos, moedas de ouro, inclusive títulos de propriedade. A intenção é doá-los para que a causa libertária seja financiada com a respetiva venda. Porém, ao cá chegarem, não são aceites. Colocam-nos numa cabana que funciona como museu e também como latrina.
Cada noite um grupo de refugiados chega à Colónia fugido das guerras e das misérias do continente africano. Nesta cabana são recebidos por um violinista de rosto verde cuja música evoca uma felicidade talvez possível sobre a desordenada cidade da vida.
Quem não precisa sentir-se a salvo da rapina e da violência! A Colónia não constitui nenhuma exceção a tal desejo. A jovem bruxa angolana arranja máquinas esquisitas para com elas conceber um cinto protetor que dissuade os bandidos e transforma as más intenções dos infames uma vez trespassado o seu círculo mágico.
A Colónia abastece-se de água doce graças a esta central de dessalinização, no meio da qual uma esponja mágica, que alguém encontrou um dia na praia, chupa a água do mar que se filtra pelo chão, deixando em baixo o sal. A esponja possui uma forma antropomorfa; de facto há quem pense que se trata de um deus.
Eu, o Temível, também vivo aqui, nesta cabana desconjuntada por todos evitada. De noite penetro nos sonhos dos mais nobres e generosos; ao amanhecer regresso à minha guarida.
Alguns membros jovens da Colónia sonham com emular as façanhas bélicas que os avós lhes narraram. Para canalizar tão belicosos sentimentos, comprou-se um velho avião soviético e um grande cartaz. Com ambos se fabricou um simulador de voo doméstico; com ele brincam os jovens aguerridos
Um estudo recente revela que a maioria dos mais altos membros das hierarquias religiosas teve uma infância marcada pela repressão das fantasias. Assim, ao crescerem, quiseram converter-se em soberanos do imaginário alheio, para melhor o domarem ou exterminarem. Eis o porquê de na Colónia todos os meninos e meninas serem alguma vez bispos. Só durante a infância o ser humano pode ser um soberano inócuo.
Dentro da casa vermelha permanece custodiada uma maltratada tapeçaria cujos motivos florais ganham vida para inspirar força em tempos de fraqueza. O louco da Colónia está de guarda permanente junto da porta, à laia de prevenção contra qualquer hipotética profanação do objeto, muito embora ninguém ouse entrar em semelhante recinto; as pessoas sabem bem que o salvífico só prospera na escuridão
Os membros da Colónia consideram que nada há mais nocivo, caprichoso e traiçoeiro do que a Alma. Quando algum dos seus membros sofre do «mal de alma», é recluído nesta divisão azul. Aqui, imerso num banho relaxante, consegue pelo menos livrar-se dela durante algumas horas.
· 22 Dibujos 50 x 50 cm. Técnica mixta& collage
· 22 Fotografías en color 13 x 17 cm.
· Textos manuscritos. Grafito sobre papel Basik.
2005-2016